Uso potencial de abelhas nativas brasileiras para a polinização de culturas agrícolas

by Web Abelha | 25 de setembro de 2016 18:14

FORTALEZA, CE, BRASIL, 11-08-2016 : Breno Freitas, professor da UFC e coordenador de pesquisas com abelhas da UFC.   (Foto: Fabio Lima/O POVO)

O pesquisador da Universidade Federal do Ceará Breno Freitas participa nesta semana do ICE 2016 com a apresentação Uso potencial de abelhas nativas brasileiras para a polinização de culturas agrícolas.

Em entrevista à A.B.E.L.H.A., o professor contou sobre seu trabalho com abelhas nativas.  Segundo ele, embora no Brasil apenas a abelha exótica Apis mellifera tem sido usada para polinização de culturas agrícolas, as abelhas sem ferrão têm enorme potencial para uso com essa finalidade no Brasil.

Confira mais detalhes do trabalho e as expectativas do pesquisador para o Congresso.

A.B.E.L.H.A. – Quais os principais aspectos de sua apresentação no ICE 2016?

Breno Freitas – As abelhas são os principais polinizadores das culturas agrícolas, mas apenas algumas poucas espécies são usadas em todo o mundo para esse fim. Recentes eventos e estudos têm mostrado que a super dependência de um ou poucas espécies de polinizadores é menos eficiente para a produção agrícola e temerária para a segurança dos serviços de polinização. No Brasil, apenas a abelha exótica (Apis mellifera) é manejada para a polinização das culturas, apesar da existência de uma rica fauna de abelhas estimada em cerca de 3.000 espécies.

Recentemente, nossos estudos têm investigado a criação potencial e uso de abelhas nativas como polinizadoras de cultivos agrícolas, investigando a biologia e exigências de nidificação específicas e imitando-as em substrato de nidificação artificial e introduzindo nos campos agrícolas.

A.B.E.L.H.A. – Quais as principais espécies estudadas?

Breno Freitas – As abelhas sem ferrão Melipona subnitida e Scaptotrigona sp. têm se mostrado promissoras, tanto em ambientes abertos como protegidos. Embora haja uma escassez de colônias para polinização, técnicas de reprodução estão sendo desenvolvidas para superar este problema.

Já a Bombus brevivillus mostrou-se extremamente agressiva, e este comportamento tem evitado novas pesquisas.

As mamangavas Xylocopa frontalis e X. grisescens são excelentes polinizadores de flores grandes, mas alguns de seus requisitos de nidificação e comportamento impedem a sua criação em larga escala.

A megachilidae Epanthidium tigrinum e espécies coletoras de óleo pertencentes ao gênero Tetrapedia (Tetrapedia sp.) e Centris (C. tarsata e C. analis) são criadas em ninhos-armadilha, e essa última foi utilizada com sucesso em experimento em uma plantação comercial de acerola (Malpighia emarginata).

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A.B.E.L.H.A. – Qual a importância da discussão sobre polinizadores no Congresso Internacional de Entomologia?

Breno Freitas – A temática dos polinizadores no ICE 2016 será de grande importância porque cobrirá todos os temas relevantes aos polinizadores no momento, a exemplo da diversidade de espécies, biologia e criatório, práticas amigáveis, genética, seleção e melhoramento, doenças e pragas, impactos das mudanças climáticas e diversas formas de estresses sobre os polinizadores. Enfim, questões significativas e importantes de serem debatida, o que será feito por um grande número de especialistas de todo o mundo.

Trata-se do maior evento na área de entomologia, é gigantesco, com a participação de aficionados, cientistas, agências e empresas de todo o mundo. Discutir os polinizadores em mais de dez simpósios diretamente relacionados ao tema e outro número similar de temas transversais é realmente significativo da relevância do tema, como também deve elevar os polinizadores a uma posição de destaque nessa área do conhecimento. Será muito importante para aumentar a visibilidade da questão dos polinizadores.

A.B.E.L.H.A. – Como você avalia a iniciativa da A.B.E.L.H.A. de fazer uma cobertura do evento em português para divulgação de polinizadores no Brasil?

Breno Freitas – Além de uma iniciativa original, achei fantástica, pois possibilitará que milhares de pessoas aqui no Brasil que são envolvidas com os polinizadores, e as abelhas em particular, tomem conhecimento das apresentações e dos assuntos apresentados e discutidos no evento.

Isso é fundamental para a causa dos polinizadores. A informação não pode ficar restrita apenas aos presentes nos eventos, tem que ser compartilhada com todos os públicos, e a A.B.E.L.H.A. nos proporcionará essa oportunidade.

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