Estudos – A farmácia das abelhas

Estudos – A farmácia das abelhas
setembro 27 17:46 2016 Imprimir este artigo

 

Uso de substâncias naturais para aumentar a saúde de polinizadores

Palestrante: Silvio Erler – Martin-Luther-Universität (Alemanha)

Data: 26 de setembro

Resumo da apresentação

Secreções das glândulas das abelhas e substâncias presentes em produtos apícolas forrageados por elas podem servir como medicação e para saneamento da colônia. A Apis mellifera desenvolveu diversas estratégias de defesa comportamental, conhecidas como imunidade social.

Os principais nutrientes de uma colônia de abelhas, mel e pólen, contêm muitos compostos de plantas que impedem o crescimento de parasitas e patógenos, e inibem a replicação dos vírus. Os metabólitos secundários do néctar de plantas são especialmente bem conhecidos por seus efeitos antibióticos. Estes compostos de plantas são utilizados pelas abelhas operárias para profilaxia de toda a colônia, melhorando a saúde das abelhas.

O autor chama a atenção para o fato de que méis monoflorais são específicos na sua atividade antibacteriana. A especificidade dos méis monoflorais, e o forte potencial antimicrobiano do mel plurifloral, sugerem que a variação qualitativa nas lojas de mel pode ser altamente recomendável para promover a imunidade social.

As operárias infectadas com Nosema ceranae preferiram os méis com maior atividade antibiótica, proveniente de muitas flores diferentes, o que reduziu a infecção do microsporídio. Como as abelhas operárias não apenas se alimentam como também alimentam larvas e outros membros da colônia, o mel agia como um agente de automedicação em colônias de abelhas para prevenir ou reduzir as infecções.


Automedicação das abelhas? Impactos de componentes secundários do néctar na defesa contra doenças

Palestrante: Rebecca E. Irwin – North Carolina State University (EUA)

Data: 26 de setembro

Resumo da apresentação

Os compostos secundários desempenham um papel fundamental na defesa das plantas contra herbívoros. Embora estes compostos aumentem a resistência das plantas às pragas, eles também podem beneficiar herbívoros, reduzindo o parasitismo.

Compostos secundários de plantas também são encontrados em néctar floral, e há evidências crescentes de que estes mesmos compostos podem ser importantes para permitir que polinizadores melhorem suas defesas contra os parasitas.

Uma das substâncias que atuam neste sentido é o timol monoterpeno, encontrado no néctar de Thymus spp., que reduziu a infecção do parasita Crithidia bombi, que se instala no intestino como parasita da abelha Bombus impatiens.

Foram utilizadas microcolônias de trabalhadoras de Bombus órfãs para medir os custos e benefícios de timol sobre a infecção e o desempenho das abelha.

testes de escolha laboratoriais foram utilizados para testar se a infecção Crithidia afetados preferência de abelha para timol.

Os autores descobriram que o timol reduziu o parasitismo das abelhas. Em testes de laboratório, abelhas infectadas mostraram clara preferência pelo timol, ao passo que as abelhas não infectadas não demonstraram a mesma preferência.

Os cientistas agora precisam demonstrar que este comportamento também existe na natureza e que beneficia as abelhas.


Impacto das espécies de plantas na infecção de Bombus pelo parasita Crithidia

Palestrante: Lynn S. Adler – University of Massachusetts (EUA)

Data: 26 de setembro

Resumo da apresentação

As plantas visitadas por polinizadores podem atuar como transmissores de doenças para as abelhas, algumas com maior intensidade que as outras.

Nos estudos, foi verificada variação de até quatro vezes na capacidade de as espécies de plantas trasmitirem a praga Crithidia bombi para a abelha Bombus impatiens. Ou seja, em campo aberto, algumas plantas consistentemente são mais agressivas para transmitir esta doença, e isto pode acontecer com outras enfermidades.

Este é um estudo que precisa ser repetido no Brasil, para as plantas, abelhas e pragas que acontecem localmente.

 

Por Betina Blochtein – PUC-RS