Estudo – Impacto da simplificação e da redução de habitats nos serviços de polinização

Estudo – Impacto da simplificação e da redução de habitats nos serviços de polinização
outubro 03 18:06 2016 Imprimir este artigo

Palestrante: Stephen D. Wratten – Lincoln University (Nova Zelândia)

Data: 30 de setembro

Resumo da apresentação

O pesquisador Stephen Wratten apresentou as consequências negativas da alteração das paisagens sobre os polinizadores, com especial enfoque para as abelhas.  Estas alterações são decorrentes do uso do solo principalmente para a expansão dos espaços urbanos e agrícolas para suprir as necessidades geradas pelo aumento das populações e dos bens de consumo.

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Paisagem homogênea de lavoura de canola

A perda de habitats dos polinizadores e mesmo a homogeneização destes ambientes, por exemplo, em decorrência de extensas monoculturas, limita as possibilidades de manutenção de polinizadores nestas áreas.

Preocupado com os requisitos para a sobrevivência das abelhas, o professor apresentou o acrônimo que usa para tratar do assunto com seus alunos: SNAP.

S= substrato para a construção de ninhos e abrigos

N= néctar

A= alimentação alternativa

P= pólen

Com tal pressuposto, o professor usou exemplos aplicados em seu país, Nova Zelândia, para prover esses requisitos às abelhas e assim possibilitar sua manutenção nos ecossistemas antropizados.  A respeito do S, ele exibiu um modelo de caixa de madeira, que é parcialmente enterrada no solo, e é aceita por abelhas mamangavas (Bombus spp.) para a construção de ninhos.  As rainhas de Bombus fundam colônias individualmente e produzem centenas de operárias, enriquecendo os serviços de polinização nas áreas que habitam.

Os demais requisitos das abelhas apontados pelo professor Wratten referem-se ao suprimento e qualidade alimentar. Os polinizadores necessitam de açúcares obtidos no néctar (N) das flores – e de uma dieta diversificada de modo a atender às exigências qualitativas dos nutrientes alcançados através da alimentação (A) –, e ainda de pólen (P), que é o alimento protéico essencial.

Para melhorar as condições alimentares das abelhas, o pesquisador mencionou espécies vegetais que são plantadas em ambientes agrícolas de seu país para atender os polinizadores. Ele também mencionou a importância da identificação de grãos de pólen carregados no corpo das abelhas a fim de conhecer as espécies de plantas visitadas por elas e assim avaliar sua dieta.

Para tanto, em colaboração com o colega Stephen MacNeill, o pesquisador utiliza ferramentas moleculares inovadoras,  como a análise de saturação de cores que permite identificar os tipos de grãos de pólen e relacioná-los às espécies de flores visitadas pelas abelhas.

Finalmente, a partir da percepção da carência de polinizadores, ele enfatizou a necessidade de planejamento e intervenção nos agroecossistemas a fim de atender os requisitos (SNAP) dos polinizadores e propiciar a manutenção dos serviços de polinização nestes ambientes.

Por Betina Blochtein – PUC-RS